É possível passar no CACD mesmo trabalhando em tempo integral?

manual do candidato do CACD

 

Claro que sim! Mas é bem mais difícil do que você imagina.

 

Em algum momento da preparação para o Concurso de Admissão à Carreira Diplomática (CACD) você irá se perguntar se é possível conciliar estudo e trabalho.

Isso é natural. Assim como acontece no caso dos demais cursos de nível superior, a maioria dos candidatos já terminou seus estudos e precisa enfrentar esse dilema:

É melhor dedicar uma temporada ao estudo integral ou seria mais recomendável equilibrar estudos e trabalho desde o início?

Há uma série de variáveis que devem ser consideradas e uma miríade circunstâncias peculiares a cada indivíduo. Neste post tentarei abordar as situações mais usuais. Meu objetivo é auxiliar o maior número possível de pessoas.

Veja se sua situação assemelha-se a algum destes cenários:

 

A situação ideal

Algumas pessoas têm a enorme sorte de descobrir sua aptidão à diplomacia bem cedo.

Por vezes isso acontece ainda durante o Ensino Médio. Esses estudantes têm bastante tempo disponível durante o dia e, mais ainda, têm a oportunidade de conduzir seus estudos universitários com o Ministério das Relações Exteriores (MRE) já em mente.

Ao basear a escolha do curso da faculdade no edital do CACD, esses estudantes ganham quatro anos de vantagem em relação aos demais.

Enquanto alguém formado em engenharia, por exemplo, somente terá contato com matérias como História do Brasil, Política Internacional, Economia e Francês após o término da faculdade, o estudante que optou pelo MRE mais cedo começa a trilhar seu caminho ainda no primeiro semestre da faculdade e, por esse motivo, ao final do curso, detém conhecimento altamente sedimentado acerca dos assuntos mais importantes da prova.

Esses candidatos precoces tendem a ser justamente aqueles que acabam conhecidos por terem passado na prova “de primeira” ou por conseguirem a aprovação com pouquíssimos anos de preparação pós-universidade.

Pode parecer ilógico, mas a maioria dos demais candidatos, aqueles que escolhem a diplomacia um pouco mais tarde, tende a basear suas expectativas justamente nos resultados dessas pessoas que começaram a estudar precocemente.

Alimentar esse tipo de expectativa não é inteligente porque coloca você em posição de extrema fragilidade. Não é justo comparar a velocidade do seu progresso no concurso com aquela de alguém que já estuda há 4 anos.

Devido à vaidade, é comum observar candidatos que passaram no primeiro ano afirmarem:

“Fiz a prova apenas uma vez e passei”.

Mas eles se esquecem de mencionar que começaram a se preparar ainda no final do Ensino Médio, que estudaram Relações Internacionais na universidade e que fizeram um “rápido” mestrado na França antes de tentar o CACD pela primeira vez.

Não se impressione com esses resultados. Seja realista.

 

A situação mais comum

O candidato acabou de terminar o curso universitário e é forçado a decidir se deve estudar e trabalhar ou somente estudar.

Minha opinião é a seguinte:

Caso você ainda seja bem jovem e tenha finalizado seu curso agora, vale a pena, sim, dedicar um período para estudar integralmente.

Você vai descobrir, sem demora, que, com o passar dos anos, suas responsabilidades começarão a acumular e a oportunidade de estudo em tempo integral esvair-se-á sem que você possa reagir.

Agora é o momento de empreender o máximo possível de esforço. Seu cérebro está altamente receptível a novas informações e você ainda tem a capacidade de seguir um plano de estudos estilo JK, “50 anos em 5”.

Aproveite a ausência de preocupações externas como contas a pagar e filhos.

Mesmo que você dedique apenas um ou dois anos da sua vida a essa maratona de estudos, esse conhecimento acumulado permanecerá com você e fará uma enorme diferença caso você precise estudar e trabalhar ao mesmo tempo no futuro próximo.

 

A situação mais difícil

Caso você não tenha feito um curso universitário relacionado às disciplinas do CACD e, além disso, não possa estudar em tempo integral, não se desespere.

O caminho não vai ser nada fácil. O desafio é titânico e é fundamental que você saiba disso desde o início.

Ao ajustar suas expectativas à realidade, você se torna um candidato mais forte, pois compreende que o objetivo do seu percurso não é uma aprovação imediata na Primeira Fase do concurso, mas a vitória sobre todas as fases do certame, mesmo que isso demore (muito).

Há alguns exemplos, nos últimos anos, de pessoas que conseguiram se tornar diplomatas mesmo diante de várias dificuldades relacionadas a tempo e dinheiro.

A maior fonte de frustração das pessoas que trabalham está nitidamente enraizada na banalização do desafio. A incapacidade de reconhecer o real nível de dificuldade do CACD é o primeiro obstáculo a ser vencido.

Quanto mais cedo você perceber que é, literalmente, impossível passar na prova sem uma gigantesca dose de sacrifício, melhor para você.

material de Política Internacional para o CACD

O que fazer então? Desistir?

Não! Mas você precisa compreender que, devido a essa severa restrição de tempo para estudar, deslizes estratégicos podem custar um tempo que você não tem.

Para alguém com disponibilidade de somente duas horas de estudo por dia, uma leitura errada pode consumir mais de um mês. Há candidatos que dizem com orgulho “Li o Diplomacy do Kissinger inteiro! Em inglês! ”.

Minha vontade é responder: “Parabéns! Você acabou de jogar 6 semanas no lixo”.

Não me interprete mal. O livro Diplomacy (Diplomacia) é fantástico, inclusive recomendo que você leia partes dele, mas não desperdice seu tempo analisando a totalidade da obra. São 912 páginas de letras miúdas que, embora tenham muito valor, não são essenciais à sua aprovação.

Aprenda a ser como o Barão do Rio Branco, tenha o pragmatismo como sua bússola. A única ferramenta capaz de nivelar o campo de batalha e tornar essa competição mais justa para você é um plano de estudos sólido.

Você pode ler minhas recomendações em detalhes aqui: Como Começar a Estudar para o CACD.

 

O que você precisa levar desse texto é isto:

“Independentemente da sua situação, o desenvolvimento de um plano de estudos que envolva os professores mais competentes e que contenha as leituras corretas é o verdadeiro segredo da aprovação.

Para aqueles que têm bastante tempo disponível, a adoção dessa estratégia permitirá uma aprovação muito mais célere.

Já para os que trabalham em tempo integral, não há alternativa. Um plano minuciosamente elaborado é a única maneira de vencer o CACD. “

 

Conclusão

Todos têm possibilidades reais de aprovação, mas a dificuldade enfrentada por pessoas que trabalham em tempo integral é marcadamente maior.

Lembre-se disso: o CACD não é como os demais concursos. Apesar de ser natural encontrarmos aprovados que conciliaram estudo e trabalho e ainda assim passaram em toda sorte de concurso, no caso do Itamaraty essa ocorrência é notavelmente mais rara.

Caso você queira turbinar seus estudos e se preparar para a prova de Política Internacional mais eficientemente, registre-se na Plataforma de Estudo de Atualidades e acesse apostilas com resumos de todas as notícias dos últimos 12 meses.

Deixe um comentário